Este 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é um dia para honrar as mulheres e celebrar suas conquistas e contribuições em todas as áreas da vida. Ao longo da história, as mulheres deram importantes contribuições para as artes e para a luta pela justiça social. Neste artigo, queremos trazer à luz algumas dessas mulheres que viveram na sombra devido a vários aspectos históricos e sociais, graças ao trabalho de Gisell Fernández, ilustradora de Almeria, vamos explicar algumas das mulheres artistas e lutadoras que deixaram sua marca na história. Graças a sua obra “Pinceles Ocultos, La otra mitad de la historia” (Pincéis ocultos, A outra metade da história) um livro que quer colocar no mapa aquelas mulheres que passaram sem serem percebidas ao longo da história.
A autora explica que no mundo da arte, muitas mulheres tiveram que lutar contra a discriminação e o sexismo para conseguir o reconhecimento que merecem. Este é um dos principais motivos e fontes de inspiração para esta obra. Muitas destas mulheres viram seu trabalho usurpado ou tiveram que se fazer passar por homens a fim de poder exibir seu trabalho e ganhar a vida com ele.
Algumas dessas mulheres que podemos encontrar em “Escovas Ocultas” são:
GUAN DAOSHENG, HUZHOU, CHINA 1262-1319
Ela foi uma celebrada artista da dinastia Yuan, reconhecida em todo o mundo e hoje conhecida como uma das mais importantes precursoras da arte chinesa.
Como a maioria das mulheres deste período, ela pôde viajar e se envolver mais no mundo da arte porque era casada com um pintor masculino que trabalhava para o imperador.
Guan se expressou combinando pintura com poesia. Ela se especializou em pinturas a tinta de bambu. Devido à sua boa execução e posição social, ela conseguiu fazer deste estilo, que era considerado um símbolo masculino, seu próprio e aceito pela sociedade de seu tempo.
Em seu próprio estilo, não só pinta bambus, mas também acrescenta paisagens, dando mais profundidade a suas obras. Sua obra mais famosa é “Bamboo Grove with Mist and Rain” (1308).
BEATRIX POTTER, LONDRES, GRÃ-BRETANHA 28 DE JULHO DE 1866 – 22 DE DEZEMBRO DE 1943
Beatriz nasceu em uma família nobre Ela e seu irmão foram criados por governantas porque seus pais estavam imersos em negócios e compromissos sociais, o que deixou uma forte marca em seu caráter e levou a uma infância solitária. Mesmo assim, ela foi capaz de criar seu próprio mundo cercado pela natureza, pelos animais e pelos cadernos de rascunho que lhe trouxe vida. Quando cresceu, ela tentou estudar no Royal Botanic Gardens em Kew. No entanto, ela foi rejeitada por ser uma mulher.
Comissões para ilustrações de animais vestidos, como seu personagem mais famoso Peter Rabbit, lhe proporcionaram uma pequena renda. Só em 1902, após dois anos de rejeições de editores, é que ela foi oficialmente publicada. Um ano antes, ela mesma publicou a primeira edição.
O sucesso de seus personagens e histórias engraçadas continuou a crescer. Em 1905, recentemente viúva, ela foi morar no campo, seu desejo de sempre. Lá ela encontrou a paz e continuou a criar histórias e personagens.
Em 1930 ela publicou seu último trabalho “O Conto de Robinson, o Porco”.
Ela investiu a maior parte de seu capital na compra de terras, fazendas e ovelhas. Em seus últimos anos, ele se dedicou a gerenciá-las e a cuidar de suas ovelhas. Após sua morte, ele as deu ao governo britânico, juntamente com a maioria de suas ilustrações originais, para serem preservadas.
Potter escreveu cerca de 28 livros, que venderam mais de 100 milhões de cópias e a tornaram uma das ilustradoras infantis mais amadas da história.
LILI ELBE, VEJLE, DINAMARCA 28 DE DEZEMBRO DE 1882 – 13 DE SETEMBRO DE 1931
Lili Elbe foi uma artista de considerável sucesso, e foi uma das primeiras pessoas conhecidas a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Ela se formou na Academia de Belas Artes de Copenhague, onde conheceu sua esposa Gerda Fredrikke. Em 1904, com a idade de vinte e dois anos, eles se casaram. Ela trabalhou como ilustradora, especializando-se em pinturas paisagísticas, seus trabalhos tornaram-se bem conhecidos e em 1907 ela recebeu o Prêmio Neuhausens após várias exposições em locais europeus famosos. Algumas de suas obras mais famosas são “Vista de Capri” (1920) e “Ponte sobre o Loire” (1924). Podemos ver mais de sua vida no filme premiado com o Oscar “A Garota Dinamarquesa”.
MARUJA MALLO, VIVEIRO, ESPANHA 5 DE JANEIRO DE 1902 – 6 DE FEVEREIRO DE 1995
Este pintor galego pertenceu à Geração de 1927 dentro da vanguarda espanhola. Ela foi criada em uma família rica. Quando se mudou para Madri, ela continuou seus estudos artísticos, o que lhe permitiu conhecer e interagir com os artistas mais destacados de sua geração, como Salvador Dalí, García Lorca, Margarita Manso, Luis Buñuel, María Zambrano e Rafael Alberti.
Durante a década de 1920 trabalhou para numerosas publicações literárias e pintou as capas de vários livros. Em 1928 ele expôs dez pinturas a óleo em sua primeira exposição, que foi um grande evento cultural em Madri.
Graças a seu sucesso, foi financiado para ampliar seus estudos e em 1932 viajou a Paris, onde iniciou sua fase surrealista e sua pintura mudou radicalmente, assumindo uma tendência para a ordem geométrica da natureza. Mallo não parou de treinar e trabalhou como professor de belas artes, não apenas de pintura. Quando a Guerra Civil eclodiu, ele se exilou em Buenos Aires, onde continuou com seu trabalho e era bem conhecido. Em 1962 ele voltou a Madri e continuou a preparar exposições para mostrar suas pinturas.
Em “Los moradores del vacío” trabalha com conceitos que deixam claro que estava à frente de seu tempo, uma criadora incansável que sobreviveu a grandes transições históricas.
Estes são alguns dos nomes que podemos ver no livro de Gisell Fernandez, no qual ela compila muitas anedotas e experiências de como estas mulheres lidaram com a adversidade e como a superaram, parando de pedir permissão aos homens e descendo ao trabalho! É essencial dar visibilidade àquelas grandes mulheres que tanto contribuíram ao longo da história, mas não receberam tal reconhecimento, a própria autora desta obra nos diz que “as mulheres fizeram contribuições importantes na arte e na luta pela justiça social, por isso quero mostrá-las ao mundo e fazer minha parte para que seus nomes não sejam apagados”. Devemos continuar a reconhecer e valorizar as mulheres por suas realizações e lutar por um mundo mais justo e igualitário para todas as pessoas. Você pode ver mais do trabalho desta artista em sua conta Instagram (@gilustrada).